SES-MG investe R$ 3,8 milhões no Norte de Minas para conter o avanço da sífilis
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Publicado em 08/10/2021

A Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS), iniciou nesta sexta-feira, 8, trabalho de mobilização de 54 municípios do Norte de Minas para o incremento de ações voltadas para o enfrentamento da sífilis. Através de videoconferência, as Coordenadorias de Vigilância em Saúde e de Atenção à Saúde da SRS apresentaram a gestores e referências técnicas municipais o Plano Estadual de Enfrentamento à Sífilis no período de 2021/2023. Na macrorregião de saúde do Norte de Minas, composta por 86 municípios, serão investidos mais de R$ 3,8 milhões.

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, curável e exclusiva do ser humano. A transmissão pode ocorrer por relação sexual sem preservativo, ou ser transmitida para a criança durante a gestação e parto, podendo apresentar consequências severas como abortamento; prematuridade; natimortalidade; manifestações congênitas precoces ou tardias, bem como a morte do recém-nascido.

Os sintomas incluem feridas, manchas no corpo e que geralmente não coçam, incluindo palma das mãos e plantas dos pés. Na fase mais avançada pode causar sintomas neurológicos e cardiovasculares, podendo levar à morte.

Durante a videoconferência a referência técnica da Coordenadoria de Atenção à Saúde da SRS, Renata Fiuza Damasceno destacou a importância dos municípios darem ênfase à organização dos processos de trabalho nos serviços de atenção primária à saúde para enfrentamento à sífilis. Nesse contexto, a identificação, notificação e encaminhamento de casos de sífilis para tratamento será prioridade, incluindo a realização de testes rápidos para identificação da doença nos serviços de atenção primária à saúde.

 

NORTE DE MINAS

 

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes também destacou a importância dos municípios reforçarem as ações de notificação precoce dos casos de sífilis, a investigação e o encaminhamento dos pacientes para tratamento.

“Atualmente, 52 municípios de um total de 54 que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros já realizam testes rápidos para detecção da sífilis. Mesmo assim é importante que as ações de mobilização da população, com o repasse de orientações, diagnóstico precoce e tratamento sejam intensificadas”, frisa Agna Menezes.

Entre 2016 e 2021 os municípios da área de atuação da SRS registraram 3 mil 293 casos de sífilis, distribuídos da seguinte forma: 1 mil 772 casos de sífilis adquirida; 966 em gestantes e 555 casos de sífilis congênita.

 

INVESTIMENTOS

 

Para conter o avanço da sífilis a SES-MG vai investir mais de R$ 47 milhões em 853 municípios. Os recursos estão previstos na Resolução 7.731, publicada dia 22 de setembro.

Para o cálculo do valor que esta sendo disponibilizado para os municípios foram considerados os seguintes critérios: estimativa da população segundo o Tribunal de Contas da União; valor unitário de R$ 1,13 calculado per capita para cada localidade; parcela fixa de R$ 20 mil e valor unitário de R$ 258,26 por notificação de sífilis adquirida; sífilis gestante e sífilis congênita.

No Norte de Minas os municípios que receberão os maiores investimentos são: Montes Claros (R$ 615,3 mil); Janaúba (R$ 111,5 mil); Pirapora (R$ 109,3 mil); Januária (R$ 101,7 mil); São Francisco (R$ 94,4 mil); Várzea da Palma (R$ 84,2 mil) e Bocaiúva (R$ 81,6 mil).

O dinheiro poderá ser utilizado na aquisição de insumos, materiais de consumo e hospitalares para diagnóstico laboratorial; ampliação das equipes com a contratação temporária de profissionais de saúde e digitadores; locação de veículos, tendas e espaços físicos; compra de combustível; equipamentos de informática; mobiliários e veículos, além da ampliação ou reforma de obras.

Foco nos jovens e nas gestantes

 

Para conter a expansão da sífilis em Minas Gerais o Plano de Enfrentamento da doença já tem definidos oito objetivos a serem atingidos até 2023: garantir diagnóstico precoce e tratamento de todos os casos; aumentar a cobertura da realização de testes rápidos em todas as unidades de atenção primária à saúde; monitorar o perfil epidemiológico e a qualidade da assistência; qualificar a assistência ao pré-natal; ampliar as ações de profilaxia e de transmissão vertical da doença em gestantes, parturientes e crianças; garantir que todos os serviços de saúde façam a notificação compulsória; investigação de todos os casos e redução das notificações de sífilis congênita. 

O Plano ressalta que por se tratar de um grave problema de saúde pública a responsabilidade de combate à doença é dever de todos, incluindo a ampliação do acesso ao diagnóstico. Isso porque o Brasil, assim como outros países, apresenta uma reemergência da sífilis. Diante disso, o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno e adequado são determinantes para impactar na redução da morbimortalidade.

Levantamento realizado pela SES-MG aponta que nos últimos cinco anos houve aumento dos casos de sífilis adquirida, em gestantes e congênita no Estado. A sífilis adquirida registrou 54 mil 839 casos nos últimos cinco anos. Em 2015 foram 5 mil 588 notificações e, em 2019 esse número aumentou para 15 mil 734 casos.

Em 2019, quando foram notificados 7 mil 487 casos de sífilis adquirida nas dez maiores cidades de Minas Gerais, a maior parte acometeu pessoas entre 20  e 34 anos, seguido da faixa etária de 35 a 49 anos. Nesse ranking Montes Claros ficou em 8º lugar, com 307 casos de sífilis adquirida. Segundo a SES-MG, o resultado reforça a necessidade de ações e intervenções de prevenção para a população sexualmente ativa.

Por outro lado, embora a sífilis na gestação possa ser uma patologia evitável, do total de 5 mil 251 casos notificados em 2019, 37,3% dos diagnósticos ocorreram no terceiro trimestre gestacional.

“Reforça-se que o diagnóstico deve ocorrer no primeiro trimestre da gestação e que as ações de captação precoce das gestantes devem ser instituídas, com o objetivo de promover tratamento em tempo oportuno e prevenir a transmissão vertical da sífilis, uma vez que a probabilidade de ocorrência de sífilis congênita é influenciada pelo estágio e duração da exposição fetal”, alerta a SES-MG.

Em 2019, os maiores números de casos de sífilis em gestantes em Minas Gerais estão concentrados em dez municípios. De um total de 1 mil 965 casos notificados, 110 foram registrados em Montes Claros.

“A realização do pré-natal é fundamental para a captação, diagnóstico e tratamento da gestante em tempo oportuno”, aponta o levantamento da SES-MG. Em virtude dessa situação, a taxa de incidência de sífilis congênita em Minas Gerais aumentou de 5,3 casos por mil crianças nascidas vivas em 2015, para 9 casos por mil nascidos vivos em 2019, o que representa 70% de crescimento.

Nesse contexto, em 2019, com 70 casos notificados, Montes Claros ficou em 9º lugar entre os dez municípios que registraram maior número de casos de sífilis congênita. Ao todo foram 1 mil 025 casos.

 

 

 

FOTO: Municípios do Norte de Minas j´realizam testes rápidos para detecção da sífilis

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