Norte de Minas inicia execução do Programa Nacional de Controle da Leishmaniose Visceral
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Publicado em 12/08/2021

Numa ação conjunta da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais – (SES-MG) e o Ministério da Saúde em parceria com 132 cidades de várias regiões do país, o município de Montes Claros vai iniciar na próxima segunda-feira, 16, a execução da primeira etapa do Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. Trata-se de uma doença infecciosa grave, sistêmica e que pode causar a morte de pessoas se não for tratada. No meio urbano, o principal reservatório da doença são os cães.

O Programa, conduzido pela Coordenação de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, inicialmente será executado em municípios que, nos últimos três anos, apresentam alta, intensa ou muito intensa transmissão da leishmaniose visceral. As secretarias estaduais de saúde também vão trabalhar na execução do Programa, proporcionando suporte técnico aos municípios para a implementação das ações de campo e monitoramento de indicadores.

Por meio de estudos de intervenção controlado e multicêntrico, realizado em 2010 em 14 municípios do país, entre eles Montes Claros, o Ministério da Saúde concluiu que a proposta de incorporação de coleiras impregnadas com inseticida (deltrametrina a 4%) para o controle da leishmaniose visceral foi responsável pela redução de 50% da prevalência da doença em cães nas áreas que passaram por intervenção. Após a obtenção desse resultado, o Ministério da Saúde realizou avaliação de custo e efetividade e chegou à conclusão de que os investimentos com o uso do insumo são positivos.

Nesta quarta-feira, 11, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS) repassou a primeira remessa de insumos para a Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros para o início do Programa. Além de Montes Claros a previsão é de que nas próximas semanas também serão contemplados com o início das ações os municípios de Jaíba, Grão Mogol, Fruta de Leite e Francisco Sá.

Bartolomeu Teixeira Lopes, referência técnica em Leishmaniose Visceral na SRS de Montes Claros explica que a previsão é de que, no período de quatro anos, 11 mil 455 cães sejam inseridos no Programa de Controle da Leishmaniose Visceral em Montes Claros. Nos municípios de Jaíba, Grão Mogol, Fruta de Leite e Francisco Sá a estimativa é de que aproximadamente 14 mil animais sejam monitorados na primeira etapa do Programa, que terá duração de quatro anos.

Os municípios serão divididos em áreas que serão determinadas a partir de setores censitários, considerando o coeficiente de incidência acumulada de leishmaniose visceral ou pelo menos um dos seguintes indicadores: número de cães por habitante; prevalência canina ou vulnerabilidade socioeconômica.

REPELENTE

A coleira impregnada com deltametrina 4% tem ação repelente contra o mosquito responsável pela transmissão do parasito da leishmaniose visceral. O insumo é de uso exclusivo em cães a partir de três meses de idade e deve ser trocado a cada seis meses.

Segundo nota técnica do Ministério da Saúde, apesar de nos últimos anos o número de casos em humanos permanecer estável, a leishmaniose visceral se encontra em expansão geográfica no país. Para conter o avanço da doença, em 2016 foi instituído um grupo de trabalho envolvendo representantes do Ministério da Saúde, instituições de ensino, Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Conselho Federal de Medicina Veterinária, entre outras entidades. “Por consenso, o grupo recomendou a incorporação do uso da coleira impregnada com inseticida em cães como ferramenta de controle da leishmaniose visceral canina e humana”, pontua o Ministério da Saúde.

A DOENÇA

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes explica que a ocorrência da leishmaniose visceral é descrita no Norte de Minas desde a década de 1940 e, no Vale do Rio Doce, desde 1960. A partir da década de 1980 a leishmaniose visceral se expandiu para o ambiente urbano. A doença é transmitida pelo vetor Lutzomyia longipalpise, conhecido popularmente como mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros.

Os principais sintomas são: febre de longa duração; aumento do fígado e baço; perda de peso; fraqueza; redução da força muscular e anemia. Apesar de grave, a leishmaniose visceral tem tratamento gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). 

A leishmaniose visceral é uma doença de notificação obrigatória. A partir de todo caso suspeito se torna obrigatória a investigação, com a avaliação do paciente e a realização dos exames que possam confirmar o caso, bem como desencadear ações ambientais para o controle da doença. No Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria, sediado em Montes Claros, é a unidade de referência para tratamento de pacientes acometidos pela leishmaniose visceral.

Para realização de exames, os pacientes residentes em Montes Claros são encaminhados para a Policlínica do bairro Alto São João, onde é feita coleta de sorologia. Nas demais localidades esse procedimento é de responsabilidade das secretarias municipais de saúde. As amostras são encaminhadas para análise no Laboratório Macrorregional da Secretaria de Estado da Saúde – (SES-MG), sediado em Montes Claros.

 

FOTO: Pedro Ricardo/SRS Montes Claros

 

 

 

 

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